Naquele dia do ano passado, milhares de torcedores tricolores puderam votar pela primeira vez em 82 anos de história para escolher o presidente do Esquadrão de Aço, com direito a urna eletrônica e fiscalização do Tribunal Regional Eleitoral.
Um novo ar democrático pôde ser respirado no clube graças ao processo de intervenção decretado pela Justiça, em julho, em função de irregularidades apontadas na gestão anterior. Seu comando ficou a cargo do professor e advogado Carlos Rátis.
A taxa de adesão para se filiar ao Bahia caiu de R$ 300 para R$ 10. Empolgada e agora “libertada”, a Nação aproveitou e se associou em massa.
Em agosto, numa votação histórica na Fonte Nova, mais de 3 mil sócios aprovaram o novo Estatuto azul, vermelho e branco –o mais revolucionário do Brasil, com medidas como remuneração para o presidente e aplicação da Lei da Ficha Limpa, além da tão sonhada eleição direta.
Em outra ação inédita, o novo Conselho Deliberativo se formou com a presença de diferentes correntes da torcida e passou a se reunir com uma frequência jamais vista na história tricolor.
O primeiro Conselho Fiscal efetivamente democrático do Bahia foi eleito. O balanço, as metas e o orçamento do clube foram apresentados. De 600 sócios, o Esquadrão passou a ter 16 mil. De Público Zero, o estádio da Fonte Nova passou a ficar lotado. A plateia elitizada de antes deu lugar à volta do povo.
O torcedor agora é respondido em tempo real. Acabaram os ingressos para torcidas organizadas e o custeio de viagens e hospedagens para radialistas em jogos fora de casa. Decretou-se tratamento igualitário para todos os veículos de comunicação.
Nenhuma empresa possui mais o monopólio do licenciamento de produtos do Bahia. Todos os contratos foram revistos e muitos deles, encerrados. Sepultou-se a rotina de salários sempre atrasados.
Em vez de insultos, os torcedores passaram a receber as notícias da equipe em primeira mão, via SMS. O privilégio se inverteu para o associado. O Bahia, enfim, virou um “case” de sucesso. Espécie de metáfora regional e esportiva das manifestações que tomaram o país, no mesmo período.
No final de 2013, aproveitando o clima de retrospectivas que tomam conta do período, e em meio ao aniversário de 83 anos do Esquadrão, a nova gestão divulgou um resumo das ações tomadas desde meados de setembro, quando a formação completa da diretoria assumiu.