Carros, apartamentos de luxo, bebidas, roupas de grife, jóias. Esses são alguns dos temas recorrentes nas músicas do funk ostentação, gênero criado nos anos 2000 por jovens da periferia de São Paulo. MC Guimê – Funk Ostentação
“Todo mundo tem uma missão. Uns demoram para descobrir, eu descobri rápido a minha: é passar a ideia de que todo mundo pode. A ideia de que não se deve desistir nunca”, disse. “Sempre sonhei em ser funkeiro. Por isso eu podia ter mudado de visão pelo caminho, mas não. Continuo com o pé no chão. Sou tranquilo. Procuro investir no meu futuro, na minha casa, ficar bem estabilizado. Graças a Deus, e se Deus quiser, o dinheiro nunca vai fazer minha mente. Minha mente é que faz dinheiro”, completou.
Ele não esconde, no entanto, que, por conta das dificuldades financeiras pelas quais já passou, tem seus momentos de “recaída”. “Já gastei 20 mil reais em um dia com compras. Não penso mais no preço, não. Mas, se hoje gasto 1,5 mil em um cinto, é por que anos atrás não tinha 15 reais para uma camiseta”, afirmou.
Natural de Osasco, MC Guimê – nome artístico de Guilherme Aparecido Dantas – viu sua popularidade nascer nas favelas. Aos poucos foi virando destaque no restante do país graças ao apoio que recebeu de outros artistas de renome, especialmente Edi Rock, Mano Brown e Emicida. Com este último, tem inclusive duas parcerias gravadas, as faixas Gueto e País do Futebol, cujo videoclipe conta com a participação de Neymar.
“Quando conheci o Neymar, fiquei mais fã ainda. Ele veio de origem humilde e se tornou o grande jogador que é. Teve um sonho realizado e não deixou a simplicidade de lado. Tive uma relação forte com isso. O futebol é uma realidade parecida com a nossa. É isso que quis relatar na música”, contou.
Durante o programa, o convidado comentou também alguns assuntos que estão em alta na mídia nacional, entre eles os famosos “rolezinhos”. Para ele, esses eventos são totalmente legítimos, desde que não sejam acompanhados de crimes como furtos, roubos e depredações.
“Não sou o cara certo para falar disso, mas acho que tem os dois lados da moeda. Respeito quem chama os amigos e vai ao shopping comprar uma parada com o dinheiro que ganhou trabalhando a semana inteira. Mas também tem quem rouba, quebra loja. Isso é constrangedor. Eu mesmo já fui muito discriminado em shopping de boy. Só por ir de chinelo já te tiram como merda nenhuma. Nessas horas sempre pensei: ‘ainda vou provar que sou o contrário disso aí’. Então fazer bagunça é tiração. O cara que vem da quebrada rouba o próximo e fala ‘sou favela’ tá tirando com a minha favela”, declarou.