50 anos ditadura

Especial 50 anos de Golpe Militar

Na madrugada de 22 de setembro de 1985, seis meses depois de iniciado o processo de redemocratização do país, o economista Gustavo Buarque Schiller, de 35 anos, abriu a janela do apartamento, em Copacabana, no Rio, e voou para a morte. Formado também em sociologia e filosofia, trabalhava como pesquisador do Estaleiro Mauá e deixou órfã uma filhinha com menos de dois anos.

Seis anos antes, o frei dominicano Tito de Alencar se enforcava com uma corda jogada sobre o caibro de um galpão em Lyon, na França, assombrado pela imagem do delegado Sérgio Paranhos Fleury, que o havia torturado pessoalmente em São Paulo.

Há ainda uma legião de ativistas que, passados 46 dos anos mais violentos da ditadura brasileira, entre 1969 e 1974, não conseguiu superar os traumas psicológicos causados pelos horrores do cárcere e de sua face mais cruel: a tortura, as execuções sumárias de prisioneiros dominados, sem chances de reação e, para dar requinte à barbárie, os desaparecimentos forçados – crimes imprescritíveis no mundo democrático.

Transtornados pelos pesadelos, assombrados e deprimidos pelas lembranças dos algozes e da humilhação, muitos outros ex-militantes, mesmo depois que a ditadura terminou, também não aguentaram os traumas e se mataram. É difícil chegar a um consenso sobre o número de suicídios ocorridos depois da Anistia, em 1979, porque muitos casos são atribuídos a morte natural ou acidental, mas certamente passa de uma dezena. Nos centros de detenção e tortura, dezenas de homens e mulheres que figuram numa lista de desaparecidos cujo número varia ente 150 e 180 militantes simplesmente não resistiram e sucumbiram sem vida nas mãos dos torturadores.

Fonte: Vasconcelo Quadros – iG São Paulo

Especial 50 anos de Golpe Militar – Fotos

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