Se durasse apenas uns dias, seria normal, mas se tornou uma anomalia, um evento climático extremo.
Tudo começou no fim de dezembro. Uma imensa massa de ar quente e seco veio do mar, entrou pelo continente e estacionou sobre uma grande área do território brasileiro. Esse sistema de alta pressão forma uma espécie de parede atmosférica muito forte e bloqueia as frentes frias, que ainda se formam e vêm do pacífico, mas param quando chegam ao paredão.
A última que chegou na América do Sul foi bloqueada na fronteira do Brasil e provocou inundações esta semana na Argentina e no Uruguai.
Quanto mais tempo dura o fenômeno, pior fica. “A gente não tem chuva, não temos precipitação, e o solo vai ficando cada vez mais seco, a energia do sol vai aquecendo mais o solo e, portanto, a atmosfera. Então, à medida que os dias se passam e a umidade vai ficando mais baixa, a temperatura máxima também vai sendo mais elevada”, explica Marcelo Seluchi, meteorologista.
As noites não refrescam, e cada dia amanhece mais quente. Por isso, tantas cidades brasileiras tiveram temperatura recorde esta semana.
E nosso modelo urbano, com muito concreto e pouco verde, não ajuda em nada. “Você está formando ilhas de calor. E o que são ilhas de calor? São exatamente ambientes onde você tem materiais que absorvem cada vez mais calor, e, com isso, aumentam essa sensação desconfortável, como é com asfalto, cimento”, diz Suzana Kahn, professora de mudanças climáticas da UFRJ.
Fonte: Fantástico/Rede Globo