passagem para Salvador

Viaje para Salvador e descubra a história e origem do acarajé

Desembarcar em Salvador é uma experiência que começa pelos sentidos. O ar quente abraça, o som do português com sotaque baiano acolhe, e, inevitavelmente, um aroma inconfundível aguça o paladar: o do azeite de dendê quente, anunciando a proximidade de um quitute que é ícone da Bahia e do Brasil – o acarajé. Mais do que um simples bolinho frito, o acarajé é um pedaço da história viva, um elo direto com as tradições africanas que moldaram a identidade soteropolitana e, por extensão, a brasileira. 

É impossível falar de Salvador sem falar do acarajé, e viajar para a capital baiana sem provar essa iguaria é deixar de sentir uma parte essencial de sua alma. Para iniciar essa jornada sensorial e histórica, o primeiro passo é garantir sua passagem para Salvador. A cidade te espera com suas ladeiras, sua música, sua fé e, claro, seus irresistíveis acarajés, cada um contando um pouco da longa e fascinante trajetória que o trouxe até os tabuleiros das baianas.

Não apenas comida, mas um ritual sagrado

Para os desavisados, pode parecer apenas um bolinho de feijão frito. Mas o acarajé carrega uma profundidade cultural e espiritual imensa. Sua origem está ligada às tradições religiosas africanas, especificamente ao Candomblé. O nome “acarajé” deriva do iorubá “àkàrà” (bolinho de feijão) e “jé” (comer), algo como “comer o bolinho de feijão”. Na religião de matriz africana, o acarajé é uma comida ritualística, sagrada, oferecida à orixá Iansã (Oyá), senhora dos ventos, tempestades e raios. Preparado de forma específica e com ritos próprios, o acarajé de tabuleiro, aquele vendido nas ruas, mantém essa conexão, embora também tenha se popularizado e adaptado ao paladar do povo.

Essa dualidade – ser ao mesmo tempo uma comida sagrada e um quitute popular – é o que torna o acarajé tão especial. Ele transita entre o terreiro e a rua com uma fluidez que reflete o sincretismo religioso e cultural da Bahia. Cada mordida é um convite a conhecer não apenas um sabor único, mas toda uma cosmologia, uma história de fé, resistência e adaptação. Entender essa dimensão é fundamental para apreciar verdadeiramente o acarajé e o papel das baianas que o preparam e vendem, guardiãs de uma tradição ancestral.

A história do acarajé – Uma jornada da África à Bahia

A história do acarajé começa muito antes de ele chegar às terras brasileiras. Ele veio junto com os africanos escravizados, especialmente os de origem iorubá, que trouxeram consigo suas crenças, seus costumes e sua culinária. O acarajé, em sua forma original, já era preparado na África Ocidental e tinha (e ainda tem) significado ritualístico.

No Brasil, e particularmente em Salvador, o acarajé encontrou um novo lar e se adaptou. A receita original, baseada em feijão e frito em azeite, foi mantida, mas novos elementos foram incorporados com o tempo e a disponibilidade de ingredientes locais e das trocas culturais. Mais do que isso, o acarajé tornou-se uma forma de sustento para muitas mulheres africanas e suas descendentes durante e após a escravidão. As “baianas do tabuleiro” surgiram como figuras centrais na comercialização desse e de outros quitutes, utilizando a venda como meio de subsistência e, ao mesmo tempo, preservando e transmitindo suas tradições culturais e religiosas.

A atividade das baianas de acarajé é tão importante que foi registrada como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Elas, com suas vestimentas brancas tradicionais, seus colares e turbantes, são verdadeiros ícones de Salvador e representam a força, a resiliência e a importância da cultura afro-brasileira. Chegar à cidade com sua passagem para Salvador é ter a chance de ver de perto e interagir com essas guardiãs da tradição.

Os segredos dos ingredientes e do preparo do acarajé 

A simplicidade dos ingredientes do acarajé esconde a complexidade e o carinho do seu preparo. A base é o feijão fradinho, que é quebrado (ou triturado de forma específica), descascado (uma etapa trabalhosa que exige paciência e habilidade) e depois moído ou processado com cebola e sal até virar uma massa homogênea e aerada. O segredo está no ponto da massa: ela precisa ser bem batida para ficar leve e macia por dentro, garantindo que o bolinho não fique pesado ou duro depois de frito.

A fritura é feita no azeite de dendê, que não apenas cozinha o bolinho, mas também confere sua cor alaranjada característica e seu sabor marcante. O azeite precisa estar na temperatura certa para que o acarajé fique dourado por fora e cozido por dentro. Modelar os bolinhos e colocá-los cuidadosamente no tacho de dendê quente exige prática e a “mão” experiente da baiana. Não é à toa que o acarajé feito em casa ou por quem não domina a técnica raramente tem o mesmo sabor e textura daquele comprado no tabuleiro. É uma arte passada de geração em geração.

Do tacho para a rua – O ritual da baiana de acarajé

A experiência de comer acarajé é inseparável do ritual do tabuleiro da baiana. A baiana não apenas vende o acarajé; ela o oferece em um contexto cultural e social. O tabuleiro, geralmente montado em locais estratégicos da cidade, é um pequeno universo onde o cheiro do dendê se mistura com o burburinho das conversas. A baiana, com sua indumentária impecável, é a figura central, preparando os acarajés na hora, cortando-os ao meio para rechear e servindo com um sorriso (ou um olhar sério, dependendo do humor e da correria!).

A forma de pedir também faz parte do ritual. Você especifica se quer com vatapá, caruru, camarão seco, pimenta ou tudo junto. O “quente” (com pimenta) ou “frio” (sem pimenta) é uma decisão importante! O acarajé é geralmente comido ali mesmo, de pé, apreciando o sabor e a atmosfera ao redor. É uma comida de rua no sentido mais genuíno e cultural da palavra, uma interação direta com a cidade e suas tradições. E tudo isso se torna possível a partir do momento que você adquire sua passagem para Salvador.

Acompanhamentos e variações: Uma explosão de sabores

O acarajé raramente é servido sozinho. Ele vem acompanhado de recheios que são, por si só, maravilhas da culinária baiana. O vatapá é uma pasta cremosa feita com pão amanhecido, camarão seco, amendoim, castanha de caju, gengibre, cebola, leite de coco e azeite de dendê. O caruru é um cozido de quiabo com camarão seco, castanha de caju, amendoim e dendê. Há também o camarão seco salgado e, claro, a pimenta, fundamental para quem gosta de sentir o calor e o sabor característico.

É importante mencionar o abará, primo próximo do acarajé. A massa é feita com os mesmos ingredientes (feijão fradinho, cebola e sal), mas em vez de ser frito, o abará é cozido no vapor, geralmente envolto em folhas de bananeira. O resultado é um quitute mais macio e menos crocante que o acarajé, com um sabor ligeiramente diferente devido ao método de cozimento e ao aroma da folha de bananeira. Abará também é encontrado nos tabuleiros das baianas e merece ser provado para sentir a sutil variação.

Viajar para Salvador é embarcar em uma experiência que vai muito além dos pontos turísticos tradicionais. É uma imersão em uma cultura rica, vibrante e profundamente marcada pela história e pela espiritualidade. E no centro dessa experiência, pulsando com sabor e significado, está o acarajé. De sua origem sagrada na África aos tabuleiros das baianas que colorem as ruas de Salvador, o acarajé é um convite constante a descobrir as camadas de história, fé e sabor que compõem a identidade baiana. 

Cada bolinho frito no dendê é uma mordida na tradição, um pedaço da Bahia que você leva consigo. A culinária baiana, com o acarajé como estrela, é um dos grandes atrativos da cidade, um convite irresistível a explorar novos paladares e aprofundar o conhecimento sobre a formação cultural do Brasil. Não perca a chance de vivenciar tudo isso. Sua passagem para Salvador é o primeiro passo para saborear essa história.

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